domingo, 12 de julho de 2009

Guardaremos o sábado







Acostumem-se leitores, pois nós guardaremos os sábados. Não que fiquemos de quatro em direção à Meca, ou que estamos em alguma igreja evangélica da vida contando a grana do dízimo e bolinando menores com os pastores - é bom lembrar que os padres fizeram escola. Esse é o dia que escolhemos para a cachaça - na verdade não nos importamos com esse sub-drink e sim com chope da Heineken e cerveja Stela Artois ou algum bom vinho.

Vocês podem nos encontrar na "night"(sic) de Urinópolis se é que é possível caracterizar assim as quitandas e pocilgas sem graça desta vila chinfrim com seus freqüentadores-zumbis quase todos conhecidos entre si circulando entre os "agitadíssimos" bairros do Rio Vermelho, Barra e Pituba - no Campo Santo rola mais jogo.

Aliás, o "point da galera" conhecido como Rio Vermelho - o nome deve ser em homenagem a um canal de esgoto que passa no meio do lugarejo - pode-se encontrar a turma roqueira - aquele pessoal semi-alfabetizado que usa preto até nos olhos e que utiliza a depressão para se viciar em lexotan - que circula entre as casas ( ou serão palafitas?) de show onde contrangedoras atrações maltratam baixo, guitarra e bateria. Tem a turma toc-toc pipi [ aquelas sem alfabetização que fazem escova progressiva no cabelo pintado de loiro ou vermelho(para esconder os traços de negritude) e seus namorados barrigudinhos com camisa de manga comprida por dentro da calça]. Tem o largo da Dinha, mas aí é para mais um fim de noite decadente comendo hot dog de soja... bem, o leitor deve ter percebido que diante do quadro dantesco voltamos sempre ao lar às 11 da noite.




Nota: Só agora perceberam que Urinópolis não está incluída no circuito de grandes espetáculos por falta de espaços decentes. Aí vão duas teorias: talvez a gangue que executou o que restava de bom gosto na cidade comandada pelos Bel's, Ivetes, Durvais e Leites da vida tenha criado obstáculo para não concorrer com os ensaios e festinhas kitsches que organizam em caramanchões durante o ano; ou talvez o público morador da vila-favelão não se interesse em ver outras atrações sem o mesmo nível dos músicos da terra.






2 comentários:

  1. Grande Ednei. Adorei o Fezópolis e o Urinopólis. De fato, a segunda alcunha é uma marca de Salvador, a terra dos "com rola na mão". Deve ser herança de nosso passado desfavorecido. Não posso dizer pobre, porque se assim me comportar me considerarão etnocêntrico, então a palavra do momento é des-fa-vo-re-ci-do!. Outra questão é a da chapinha de cabelo, uniformizando todas as mulheres soteropilitanas. Uns dizem que é a democratização do acesso a uma beleza eurocêntrica, baseada no desejo sofia lorem de ser, outros advogam que é influência de potyra, nossa heroína nacional. Eu penso que a chapinha e a prancha - de porcelana - a melhor, se deve á necessidade de sentir-se parte dessa aldeia, então, loiras, morenas e negras: chapinha neles! Por fim, gostaria de enfatizar que Urinopólis e Red River vivem o ocaso cultural por que além de ausência de espaços, passamos pela ausência de formuladores de políticas culturais, ausência de espaço para os cantadores e presos à Chopadas de Medicina, observe, para a chopada virar chupada é um pulo. Ademais estamos reféns do beber, cair e levantar, do red label, do ice, e das mulhares que não traem, se vingam> Fui!

    Luis Flávio

    P.S - Quero lhe dizer: não é nada disso!

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  2. "Marcando passo vou seguindo sem ser muito ligeiro
    Com cuidado pra não ser o primeiro."

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A baianidade

Esse mal que nos acomete; esse jeito fuleiro de ser; esse berimbau que desafina.